sábado, 20 de março de 2010

Carta a minha Mãe - Parte I


Mãe:
Há quanto tempo não falamos... 12 anos, quase 13... Estás zangada comigo? Porque não me falas? Tenho tantas saudades tuas! Tens-me feito tanta falta... Porque partis-te? Porque me abandonaste? Tenho tanta coisa para te contar...
Sabes que desde que me abandonaste ( nos abandonaste ) muita coisa aconteceu. Comigo, com o Pai, com o Mano...
Para começar ficámos todos em choque com a tua partida. Foi tudo tão rápido!
Num dia estavas a rir connosco, a filmar-nos, a fotografar-nos, no outro não nos falavas. Será que nos ouvias?
Ficámos baratas tontas! Parecia um pesadelo.
Ainda falei contigo nos cuidados intensivos. Será que me ouviste? Falei contigo como se me estivesses a ouvir. Os teus olhos estavam fechados, mas não estavas serena. Fizeram-te um carrapito esquisito, fiquei triste pela figura que tinhas... Tinhas tantos tubos ligados... Foi horrível! Saí de ao pé de ti e tive que vir encostada à parede até à sala de espera onde estava o pai e muitos dos nossos amigos ( o pai não quis entrar e eu também não quis que ele entrasse para não se sentir mal ) e só quando me sentei, porque estava quase a desmaiar, é que chorei desalmadamente.
No fundo percebi que não ias acordar mais! Mas ainda tive esperança... Pedi ao médico ( que me disse que lamentava - até ele estava com os olhos razos de água - mas que tu não irias recuperar ) que quando o pior acontecesse só me dessem a notícia a mim, depois eu acharia a melhor forma de dizer ao pai e ao mano, e ao Avô, coitadinho, parecia tonto, perdido, sem saber o que fazer ou dizer ( ia perder mais uma filha - a sua querida ).
Fomos para casa... Domingo, perto das seis da tarde, estávamos em casa, e o telefone tocou, eu fui atender, no fundo já sabia o que me iam dizer. Atendi calmamente, e do outro lado era o doutor que me disse que lamentava, mas que tu tinhas acabado de falecer, não resististe e se tivesses resistido serias um vegetal para sempre. Agradeci. Desliguei calmamente. Tinha toda a gente atrás de mim à espera que eu dissesse o que era. Eu disse: " Já está... já foi... já nos deixou...". O pai gritou tanto!
Agarramo-nos todos no meio da casa a chorar, eu, o pai, o mano, o avô, a Susana, a Sandra e não me lembro se mais alguém.
O mais estranho foi a minha reacção imediata. Fui buscar a tua agenda, puxei o telefone para cima da cama e comecei a ligar para todos os nossos amigos e família a dar a noticia. Que coisa louca! Parecia que estava a dar a Boa Nova. Que frieza! Queria ser eu a fazer aquilo. E rápido! E avisei toda a gente. Não falhou ninguém. Rapidamente a nossa casa se encheu de gente. Amigos essencialmente. Os nossos amigos da Igreja e a D. Rosa, a tua melhor amiga. Tadinha... Ainda hoje chora todos os dias a tua falta. Não consegue falar de ti sem chorar.

2 comentários:

  1. É pexixo ter mta corragem pa tarex a contar ixto aki e voltar a viver tdo de novo axim por brevex momentox!

    Bjnhoxx e k thx a força k tenx tido até hoje =)

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  2. Ao ler isto tudo prima fiquei de rastos ,mas vi que es especial e que tens tanta força para continuar , eu ao pé de ti não sou nada e ainda me queixo do sofrimento mas tu prima mereces todo o amor e felicidade.SÊ FELIZ para sempre.Estou estufecta e sem palavras ,adoro te prima.

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